Compromisso Militar...UM ABRAÇO! (parte 2)

Pois é pessoal, estou aqui de volta para contar a segunda e última parte da minha odisséia do meu compromisso militar. Bem, antes de mais nada, tenho que desejar um feliz ano novo para todos vocês que acompanham o blog!

Mal passou o reveillon e já tive que me dirigir novamente para "Curitiba City", no dia 3 de Janeiro, para me apresentar (pela terceira vez) no quartel do exército. Dessa vez, no meu CAM (Certificado de Alistamento Militar) estava escrito: "apresentar-se para designação de função". Tenho que confessar que dá um nervoso da porra você ir até o local sem ter a mínima idéia do que poderá acontecer.


Um, dois, feijão com arroz! Três quatro, feijão no prato...

Minha apresentação estava marcada para as 8h da manhã do dia 4. Acordei cedo e me dirigi ao quartel bem antes da hora para não brincar com a sorte. Sei lá o que vão me fazer se eu chegar atrasado e também não gostaria nenhum pouco de ter que voltar lá em outro dia só porque cheguei atrasado. Cheguei por volta de 7:30, e não deu outra, meu dia já começou da maneira que esperava: ficando em pé, em uma baita de uma fila da porra gigantesca. Sei lá quanto tempo perdi naquela merda, acho que uma hora até começarem a tentar organizar todo aquele gado pessoal que estava presente no dia. Sem brincadeira, devia ter bem mais do que 500 pessoas. A vantagem de ter chegado mais cedo foi que pude ir com o primeiro grupo, esperar mais um tempão em outro tipo de fila. Vale lembrar que os soldados do exército não sabiam organizar nada. Sério, até uma modelo burra conseguiria ser mais organizada do que aqueles milicos.


Soldados "aproveitando" o seu tempo de folga no quartel

Pois bem, o interior do ginásio estava composto por duas mesas grandes, com 3 soldados em cada uma delas. Todos tínhamos que passar pela mesa que ficava na esquerda primeiro. Me posicionei em uma fila que continha as pessoas cujos nomes começavam com as letras de "N" a "Z". O mais sensacional dessa parte era ver os soldados dando esporros nas pessoas com nomes de letra "M" na nossa fila: "Cacete! Teu pai paga colégio pra ti a vida inteira e tu não sabe a ordem do alfabeto?!". Confesso que era engraçado.

Depois de esperar umas duas horas nessa fila, tomado pela ansiedade de cair fora dali, passei na frente de quatro idiotas pessoas que ficavam olhando para o vento e fui em direção a mesa dos soldados. Sentei na cadeira com a lista de nomes de "N" a "Z", o soldado verificou o meu CAM e procurou meu nome na lista. Depois de ficar um minuto procurando meu nome em uma lista que devia ter cerca de um porrilhão de nomes, ele desistiu e pediu para que me direcionasse à fila da mesa ao lado. Sentei-me na outra cadeira (da outra mesa) e dei meu nome para o milico. Quando ele abriu a lista, não demorou muito para achar meu nome. Eu olhei pro canto da mesa onde estava sentado e li "Lista anexa para excesso de contingente". Nessa hora meu coração pulou de alegria. Eu segurei um riso de contentamento quando ele me mandou ir sentar nos bancos atrás dele. Eu olhei para a cara de todas aquelas pessoas que ainda teriam que esperar pra passar pela primeira mesa e também das pessoas que estavam sendo "designadas" (como ouvi um dos superiores falar) e se direcionando para as arquibancadas do ginásio e pensei: "SE FODERAM!"


Sem comentários...

Na minha cabeça eu só pensava: "Caralho! Vou ser dispensado dessa merda! Aleluia!!!". Chamaram meu nome quando sentei nas cadeiras e tive que assinar um papel. Eu sabia que aquilo significava mais um passo pra fora daquela droga de exército. Mas, pra variar, os soldados fizeram a mim e a mais umas 40 pessoas, que também estavam sentadas, esperar por um tempinho. Nos mandaram fazer uma fila indiana, entrar em formação, e nos dirigir para fora do ginásio. Todos ficamos alinhados esperando novas instruções. Esperamos mais uma hora em pé e no sol pelas ordens. O sargento gay master aparece e fala que vamos fazer o juramento à bandeira e que depois seríamos dispensados. Nos levaram para um campo aberto, do outro lado do quartel e, novamente, nos posicionaram.
"Vamos agora fazer um ensaio do juramento porque quando for pra valer, não quero ver ninguém errando. Ei, você aí, se ajeita direito na formação. Posição de sentido aí!!! Ei, tu tem 19 anos e tá cansado!?" disse o sargento. Fizemos posição de sentido, como ordenado, levantamos nossas mãos e começamos a repetir tudo o que o milico dizia, em voz alta. Sério, aquilo era chato.


SENTIDO, porra!

O juramento falava coisas do tipo: "Eu estou sendo dispensado do serviço militar obrigatório inicial sob disposições legais conferidas na Constituição brasileira. Eu juro honrar a pátria e servir a ela em casos de emergência. Eu juro defender com integridade os interesses da pátria e me sacrificar por ela"...blablabla, uma merda dessas. Sério, sacrificar pela pátria é o caralho. Todo mundo ali tava era pensando no que ia comer depois que saísse dali, ou quem sabe qual palavrão falaria pra eles (do lado de fora do quartel, é claro. Ninguém quer se arriscar a levar um tiro lá dentro...). GRAÇAS A DEUS, ninguém errou na hora de fazer o juramento pra valer! Daí o cara só devolveu nossos certificados e pediu para que nos encaminhássemos para a saída.


"Abaixa um pouco a porra desse braço aí, tu não é nazista!!!", disse o sargento.

Antes de sairmos, o milico perguntou quem daquelas pessoas dispensadas era voluntária pra servir. Sem zoação, umas 20 pessoas levantaram a mão. Sério, tem nego querendo servir saindo pelo ladrão e eles ficam enrolando MESES quem não quer servir! São todos uns babacas que gostam de tomar banho com 100 machos ao mesmo tempo, mesmo...


O Samwell serviu o exército e escreveu essa música quando estava por lá

Quando estava saindo, vi uma fila de pessoas que foram designadas para servirem andando na direção oposta. Percebi um deles com uma cara muito triste, como se dissesse: "Caralho! Caralho! To fodido! Me colocaram pra servir! Eu não quero servir!". Ele olhou pra mim e eu falei "se fodeu" (é claro, com um sorriso cínico). Sério, foi um alívio colocar os pés pra fora daquela zona gay merda de lugar. E mais feliz ainda por ver o carimbo de DISPENSADO na parte de trás do meu certificado.

Pois bem, pessoal, finalmente essa odisséia chegou ao fim. Desejo muita boa sorte para os homens que leem o blog e que ainda terão que passar por essa experiência e desejo um "Vai tomar no cu!" para todos os milicos que me fizeram esperar meses pra me ver livre disso. Enfim, agora só em março voltarei na junta militar (graças a Deus não é no quartel) pra pegar meu documento definitivo de dispensa e nunca mais encontrar um soldado na minha frente.
UM ABRAÇO pro exército!